"When I get to the bottom I'll go back to the top of the slide"
*
* *

O druida olhou para o horizonte e viu o céu, que lembrava uma abóboda cinzenta posta sobre toda a existência humana. Um vento glacial castigava aquelas planícies, entrecortadas por sombras doentias lançadas por um disco solar que parecia uma mancha pálida de um brilho cadavérico.
Esse mesmo sol havia sido seu objeto de adoração por inúmeros anos, mas agora só oferecia desespero ao invés do conforto que sua luz costumava proporcionar para sua jornada por essa terra.
Seu corpo estava marcado por inúmeros ferimentos, sofridos ao longo de sua jornada até essa terra devastada. O sangue escorria pelas feridas e descia pelas suas pernas, nutrindo o solo com a sua dor, como ensinava a doutrina que ele havia seguido desde que se conhecia como ser consciente.
O druida limpou o sangue que descia de seus lábios moldados em um sorriso desafiador. Ele sabia que só havia chegado àquelas terras desoladas, que só havia sofrido seus ferimentos devido as suas próprias escolhas. Ele via com clareza todos os caminhos que haviam sido dispostos a sua frente, e escolheu aqueles que o levaram ao ponto no qual ele se encontra agora.
Ele sabia que a única saída da região crepuscular na qual se encontrava era penetrar cada vez mais nela e em seu próprio sofrimento.
Com o desespero absoluto vem a liberdade.
Ele jamais desejaria que fosse diferente.